A mulher no trabalho bancário

Os resultados do II Censo da Diversidade apontaram questões importantes para refletirmos sobre as especificidades das mulheres no trabalho bancário. A maior qualificação profissional em comparação aos homens ficou evidente, no primeiro censo, 71,2% das bancárias tinham curso superior completo, este ano o número subiu para 82,5%. Para os homens o aumento foi de 64,4% para 76,9%.
Comparando os dois censos, realizados com intervalo de seis anos, a diferença salarial também é relevante, neste caso de forma negativa para as trabalhadoras. As bancárias continuam ganhando menos, apesar da discreta queda de 1,5 ponto percentual na diferença salarial. Para as bancárias negras a diferença salarial e de oportunidades são mais acentuadas, devido à interseção da discriminação de gênero e racial.
Sobre a ascensão profissional, as mulheres estão gradativamente ocupando postos de gerência. No entanto, a alta direção dos bancos permanece masculina. Consideramos que a ausência de planos de cargos e salários com regras claras em todos os bancos limita a perspectiva de ascensão profissional das bancárias. Caso esse ritmo lento de inclusão seja seguido serão necessários muitos anos para que as mulheres consigam, de fato, a igualdade salarial e de oportunidades.
O trabalho bancário altamente informatizado tem como estratégia a exigência de um desempenho profissional que se articule com os planos traçados, pelos bancos, para ampliação dos lucros. Nesse contexto, o trabalho feminino é requisitado pelos valores sexistas tradicionalmente atribuídos, como se fossem “habilidades” inerentes às mulheres, úteis para o atendimento ao cliente. Como exemplos, temos a delicadeza e o grande apelo à mercantilização do corpo das mulheres.
O balanço que fazemos da trajetória de lutas da categoria, para conquista e ampliação dos direitos das bancárias aponta que as pautas das trabalhadoras precisam ser priorizadas e o debate sobre a discriminação de gênero e raça inseridos na agenda de formação dos sindicatos. Para tanto, a Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS) da Contraf –CUT precisa ser fortalecida e iniciativas, como a criação do Coletivo de Mulheres Bancárias incentivadas. Em 2015, o Sindicato dos Bancários de Juiz de Fora pretende realizar o Primeiro Encontro Estadual de Trabalhadoras Bancárias, visando contribuir para ampliação da organização das trabalhadoras.