Bancários e Santander definem calendário de negociações específicas ao aditivo
Na primeira negociação específica entre as entidades sindicais e o Grupo Santander Brasil para firmar um aditivo único à Convenção Coletiva de Trabalho 2009/2010, realizada nesta sexta-feira, dia 18, em São Paulo, foi definido o calendário das próximas rodadas. As reuniões começarão uma semana após o final das negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban.
Haverá três reuniões, uma por semana, discutindo cada um dos três blocos: cláusulas renováveis, propostas de inclusão no aditivo e Programa de Participação nos Resultados (PPR) de 2009. "Esperamos um processo negocial que traga avanços e conquistas para os trabalhadores e que no ano que vem as reuniões sejam antecipadas ou simultâneas à mesa da Fenaban, a exemplo de outros bancos", destacou o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.
Unificação no pagamento do 13º salário
O banco atendeu a reivindicação das entidades sindicais e informou que fará o pagamento da segunda parcela do 13º salário deste ano na folha de novembro para todos os trabalhadores. Inicialmente, os funcionários do Santander somente receberiam em dezembro, mas o banco concordou com a proposta dos bancários, unificando desde já a forma de pagamento.
Já em 2010 o pagamento será efetuado nos meses de março e novembro para todos os trabalhadores. No ato de entrega da minuta específica, no dia 1º de setembro, os representantes do banco disseram que o crédito seria feito em fevereiro e dezembro. Os bancários defenderam o mês de novembro e, no aditamento da minuta, os bancários reivindicaram os meses de janeiro e novembro.
As entidades sindicais solicitaram ainda que o Santander, enquanto patrocinador, estenda o pagamento do 13º salário em novembro para os assistidos do Banesprev, HolandaPrevi, Bandeprev e Sanprev. O banco ficou de analisar a reivindicação.
Dois salários para quem completa 25 anos de banco
O banco confirmou que vai estender aos funcionários do Santander a prática do Real de conceder o pagamento de um prêmio de dois salários ao trabalhador que completa 25 anos de banco, mas somente a partir de janeiro de 2009. A data do crédito ainda não foi definida, com data indicativa para outubro. Depois, o banco passará a fazer o pagamento sempre no mês em que o funcionário completar 25 anos.
O banco aceitou a reivindicação dos bancários e estenderá o crédito para todas as empresas do Santander Brasil, o que inclui a Altec e a Aymoré, bem como a Isban (antiga Produban) que não pertence ao grupo.
Os bancários reivindicaram novamente a extensão do prêmio para quem completou 25 anos no Santander em anos anteriores e ainda está na ativa. "O banco não pode perder essa oportunidade de incluir esses trabalhadores na premiação. Eles igualmente dedicaram esse longo período de suas vidas para o crescimento da instituição", enfatizou a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo e coordenadora da mesa de negociações, Rita Berlofa. O banco ficou de reavaliar o assunto e concordou em fazer um levantamento para verificar quantos trabalhadores se encontram nessa situação, cujo número é muito pequeno.
Pijama para quem perdeu o prazo
O banco comunicou que aceitou a reivindicação das entidades sindicais e reabriu as adesões à licença remuneração pré-aposentadoria (pijama) para quem perdeu o prazo estabelecido nos aditivos do Santander e do Real até o próximo dia 31 de outubro.
Essa conquista tem validade até o dia 30 de março de 2010 para quem preencher até lá os requisitos mínimos para se aposentar.
Repúdio aos interditos proibitórios
As entidades sindicais repudiaram a atitude do Santander que atropelou o diálogo e processo negocial e foi o primeiro banco a procurar a Justiça para tentar impedir o direito constitucional de greve dos trabalhadores, numa prática antissindical e antidemocrática. O banco conseguiu interditos proibitórios, em São Paulo, Pelotas e Rio Grande.
Na capital paulista, a decisão judicial impede qualquer manifestação na porta das agências. O despacho é da juíza Mylene Pereira Ramos, da 63ª Vara do Trabalho de São Paulo, a mesma que cassou a liminar que suspendia as decisões da assembléia dos participantes do Banesprev. O Sindicato terá de pagar multa de R$ 90 mil para cada unidade do Santander em que houver manifestação. O banco também está autorizado a usar a polícia para conter os bancários.
Os representantes do banco limitaram-se a dizer que o procedimento havia sido adotado por todo sistema financeiro. "Essa postura do Santander é um desrespeito e vai na contramão dos compromissos com o diálogo manifestados pelo presidente do Santander Brasil, Fábio Barbosa, durante recente encontro com dirigentes sindicais, e pelo presidente mundial Emílio Botín", salientou o presidente da Afubesp, Paulo Salvador.
Repúdio à reunião secreta da Febraban com a PM de São Paulo
Os bancários também repudiaram a iniciativa do presidente do Santander Brasil e da Febraban de solicitar uma reunião secreta entre os responsáveis pela segurança dos maiores bancos do país com a Polícia Militar em São Paulo. O encontro, ocorrido no último dia 11, discutiu um esquema de ação conjunta para reprimir a greve dos bancários.
"É um enorme desrespeito ao trabalhador e à Constituição Federal", frisou Rita Berlofa, anunciando que esse ataque à organização sindical será denunciado pelas entidades para as autoridades do Brasil e aos organismos internacionais.
Negociação sem ata
Os repreentantes do Santander se negaram a fazer uma ata da reunião para o registro dos assuntos discutidos, alegando que estavam seguindo orientação jurídica. "O banco tem medo de que?", questionou a coordenadora da mesa de negociações.
"A realização de ata é rotina nas negociações entre os bancários e o Santander. Esperamos que o banco volte a registrar os temas debatidos, como forma de dar transparência e fortalecer o processo negocial", apontou o diretor da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT