Bancos andam na contramão, lucrando bilhões, enquanto demitem trabalhadores e fecham agências
Recentemente, Bradesco e Santander anunciaram seus resultados dos primeiros nove meses de 2024.
O Bradesco terminou setembro acumulando lucro líquido recorrente de R$ 14,2 bilhões, valor que representa crescimento de 5,5% nos nove primeiros meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023.
Já o Santander Brasil obteve um lucro líquido gerencial de R$ 10 bilhões, aumento de 40,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em contrapartida a esse crescimento, ambos os bancos fecharam postos de trabalho e locais de atendimento. O Santander fechou 706 postos de trabalho nos últimos doze meses, sendo 568 apenas no terceiro trimestre de 2024. Mesmo tendo um aumento de 3,4 milhões novos clientes em 2024. O Bradesco encerrou 2.084 postos de trabalho em doze meses.
Em relação ao fechamento de agências, os dois bancos foram responsáveis pelo fechamento de 653 agências e 862 postos de atendimento bancário nos últimos 12 meses.
"Mesmo mantendo lucros bilionários, o Bradesco segue enxugando postos de trabalho e de atendimento. Durante a Campanha Nacional dos Bancários, o argumento dos bancos nas mesas de negociação para justificar essa falta de responsabilidade social com trabalhadores e clientes foi a transformação do setor com as novas tecnologias. Mas nós, representados pelo Comando Nacional, rebatemos e lembramos que os avanços tecnológicos não podem significar apenas aumento de lucros para os banqueiros e sim oportunidade para melhorar a relação trabalho e capital. Nós, inclusive, apresentamos saídas, como a redução da carga horária e que poderia gerar aumento de vagas no setor bancário e garantir qualidade nos serviços. Porque nós só vamos conseguir avançar, como sociedade, compartilhando os ganhos dos avanços tecnológicos para todos e todas. Caso contrário, vamos aprofundar ainda mais as desigualdades", pontua Erica Oliveira, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco.
Erica Oliveira, ressalva que o lucro do banco representa a dedicação dos trabalhadores. "É importante esse destaque para não perdermos de vista que os resultados não são apenas cálculos de números frios, mas traduzem o empenho diário das bancárias e bancários, que precisam ser reconhecidos com a manutenção e segurança de seus postos de trabalho", completa.
A secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT e funcionária do Santander, Rita Berlofa, criticou ainda o grande número de terceirizações que o Santander tem feito nos últimos anos. “Na verdade, são terceirizações travestidas de contratações fraudulentas, já reconhecidas pelo Ministério Público do Trabalho. Quando um cliente opta por um banco, ele opta por uma instituição e não por um grupo de CNPJs, que é o que o Santander está se tornando. Isso precisa acabar!”
Clique aqui para ler o relatório completo do Dieese sobre os destaques do Bradesco e aqui para destaques do Santander.