Bancos estrangeiros não melhoraram sistema no Brasil

Estudo do IPEA apresentado no seminário de lançamento do acordo marco mostra que privatizações nos anos 90 e abertura do mercado nacional não foram positivas
A atuação dos bancos estrangeiros no Brasil deixa muito a desejar. Essa é a principal conclusão de um estudo apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na tarde desta quinta-feira 18 durante seminário, em São Paulo, pela criação de acordos globais nos bancos Santander e HSBC.
Ao contrário do que afirmavam os defensores da abertura de mercado e das privatizações, na década de 1990, a presença dos bancos internacionais no Brasil não aprimorou o setor por meio da concorrência. Pelo contrário. Não fossem os bancos públicos, o já baixo número de agências por habitante, no Brasil, seria ainda menor.
O estudo Transformações na Indústria Bancária Brasileira, apresentado pelo economista do Ipea Milko Matijascic, indica a drástica redução da presença do Estado no setor, entre as décadas de 1980 e 1990, e o aumento da concentração bancária com a redução geral no número de bancos. Tudo isso num cenário de crescimento no número de instituições estrangeiras no país que não melhorou em nada a bancarização.
“É dramática a situação de pessoas que só podem sacar seus benefícios a cada três meses devido ao custo do transporte até uma agência bancária”, disse Matijascic, destacando que o Brasil tem uma das piores avaliações na relação número de agências bancárias por habitante. Em 1980 eram cerca de 9 mil habitantes por agência, dado que piorou ao longo dos anos (em que os bancos estrangeiros ganharam espaço no país) e chegou a 2007 à casa dos mais de 10 mil habitantes por unidade de atendimento. Essa estatística assume proporções ainda mais nefastas, do ponto de vista dos cidadãos, se levada em conta a região. Na amazônica são mais de 20 mil habitantes por agência, no nordeste cerca de 20 mil, número que cai substancialmente nas regiões mais ricas: são 7 a 8 mil habitantes por agência no sul e sudeste.
Presença do Estado – Apesar de em 2006 os bancos públicos figurarem apenas entre 8,6% das instituições financeiras no Brasil, eram responsáveis por 43% das agências bancárias em território nacional. Já o setor privado, dono de 91% dos bancos, mantém 56% das unidades que atendem os cidadãos no país.
“A inegável importância do papel dos bancos públicos, já evidenciada durante a crise financeira internacional, fica ainda mais clara quando se trata da prestação de serviço aos cidadãos. São os bancos do Estado que prestam atendimento aos que mais precisam onde não chegam as agências do bancos privados e estrangeiros”, diz o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, lembra que os dados do estudo trazem uma discussão já feita pelo movimento sindical, levada ao Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, e que se resume na questão: para que servem os bancos? “O movimento sindical considera essencial a universalização dos serviços bancários, essenciais para a população e que não são oferecidos pelas empresas. Nesse sentido, é preciso discutir também o papel do Estado. Os bancos públicos tiveram papel importante durante a crise financeira, mas ainda precisam fazer mais”.
Abuso – O estudo do Ipea mostrou também que os juros reais cobrados pelos bancos estrangeiros são muito mais altos no Brasil que nos países sede dessas instituições. A pesquisa abrange o período entre setembro e outubro de 2009 e o HSBC tem o pior indicador: 6,60% de juro real anual para os cidadãos do Reino Unido, contra 63,42% cobrado dos brasileiros. Na Espanha, o Santander cobra 10,81% de juro real de qualquer pessoa física, enquanto no Brasil a taxa chega a 55,74%.
“Os bancos internacionais estão devendo muito ao Brasil. Mais agências, com mais bancários para melhorar o atendimento e colaborar na geração de empregos que faz o país crescer”, destaca Marcolino. “E devem ao mundo mais respeito aos direitos dos trabalhadores, o que podem fazer assinando o acordo marco global para dar aos seus funcionários garantias trabalhistas mínimas previstas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)”, completa o dirigente.
Por Cláudia Motta - 18/03/2010.
NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.spbancarios.com.br.
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Encontro histórico reúne no Brasil trabalhadores bancários no banco Santander de diversos países
Realidades distintas, mas objetivos iguais pela defesa do estabelecimento de um acordo marco global
O Centro Administrativo Santander (Casa 3) transformou-se nesta quinta-feira 18, em uma Babel dos bancários, com trabalhadores falando em espanhol, inglês e português. Apesar dos idiomas e das nacionalidades diferentes, a mensagem era única: bancos globalizados têm de praticar direitos iguais em qualquer lugar que atuem. Mais de 400 bancários do Casa 3 participaram de um momento histórico na categoria, deram uma pausa no trabalho para participar de uma reunião internacional de bancários. Trabalhadores do Santander vindos de dezenas de países da América Latina, dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia falaram de suas realidades e defenderam a criação do acordo marco global.
Falta de democracia para constituir sindicatos e do direito de negociar com os bancos, ausência de direitos e conquistas como férias remuneradas, licença-maternidade, licença-saúde foram relatados pelos trabalhadores. ?Isso é injusto. Temos de ter um acordo marco tanto para estender quanto para proteger direitos, comentou um dos trabalhadores brasileiros.
O presidente do Sindicato dos Bancários, Luiz Cláudio Marcolino, lembrou que o acordo coletivo da categoria tem validade nacional, ou seja, todos os direitos valem para cada um dos 460 mi bancários do país. Muitos trabalhadores aqui devem ter entrado no banco depois de 1992, quando após muita luta conquistamos a extensão de direitos para todos os bancários brasileiros. Desta forma não é possível acontecer como é de praxe em outras categorias, quando as empresas mudam de estado para, por exemplo, pagar salários menores, destacou. A mesma opinião tem o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. Temos de relembrar nossas histórias para sempre termos em mente onde podemos chegar. Temos muito mais do que benefícios, conquistamos direitos. Uma prova disso é a recente conquista da categoria, a extensão da licença-maternidade para seis meses.
O presidente da Uni Finanças, Oliver Roething, destacou que o Brasil tem um papel fundamental na construção de um acordo marco global. A participação do Brasil é importante no estabelecimento de um processo de diálogo e direitos trabalhistas, afirmou. Já Manuel Rodrigues Aporta, membro das Comissões Obreras da Espanha, lembrou que assim como o Santander atua em várias partes do mundo com transações em tempo real, também pode com a mesma agilidade atender às reivindicações dos trabalhadores.
Internacional - O clima de integração entre os bancários teve início ainda nas primeiras horas da manhã. Os trabalhadores do Santander foram recepcionados pela delegação estrangeira de representantes sindicais que participam, em São Paulo, do lançamento da campanha internacional para o estabelecimento de um acordo marco. Ao chegar ao Casa 3, os trabalhadores recebiam informe sobre o que é o acordo e qual a sua importância, além de um bloco de notas de divulgação da campanha.
As apresentações circenses, com malabares e pernas-de-pau, já tradicionais nas atividades do Sindicato, encantaram também a delegação estrangeira. Muitos dos dirigentes sindicais dos diferentes países sequer podem chegar próximo dos locais de trabalho sem repressão. Muito mais do que falarem de suas realidades, o ato serviu como troca de experiência sobre as relações entre bancários, sindicatos e bancos.
A diretora do Sindicato Rita Berlofa destacou a importância histórica desse ato internacional. A reunião de bancários brasileiros com os de outros países dentro do banco, mostra que um acordo marco comum é possível. O dialogo está estabelecido com bancários e o banco, por meio da representação de sindicatos fortes e organizados, destacou.
Além dos bancários do Brasil participaram trabalhadores de Costa Rica, Trinidad e Tobago, Reino Unido, Espanha, Portugal, Colômbia, Chile, Uruguai, Argentina, Singapura, Malásia, entre outros.
Por Elisangela Cordeiro 18 March 2010 22:31:48.
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UNI e entidades sindicais discutem acordo marco global com o HSBC no Brasil
A UNI-Sindicato Global, a Contraf-CUT, a Fetec São Paulo, o Sindicato de São Paulo e a Fetec Paraná reuniram-se nesta quinta-feira 18 com a direção do HSBC no Brasil para discutir a assinatura de um acordo com o banco inglês que garanta os mesmos direitos trabalhistas e sindicais aos bancários em todos os 88 países em que atua. Também participaram da audiência as entidades sindicais bancárias de 19 países que participam em São Paulo do seminário internacional de lançamento da campanha pela assinatura dos acordos marco globais no Santander e no HSBC.
Pelo HSBC, cuja direção mundial tem apresentado resistências à discussão do acordo marco global, participou da reunião toda a cúpula de relações humanas no Brasil, chefiada pela diretora de RH, Vera Saikali, e pelo diretor de Relações Sindicais, Antonio Carlos Schwertner, que na quarta-feira 17 havia participado como convidado da abertura do seminário internacional, que será concluído nesta quinta-feira 18.
O presidente da UNI Finanças, o suíço Oliver Röethig, abriu a reunião para explicar a importância dos acordos marco globais com os bancos multinacionais. ?Uma empresa com atuação e visão global, como o HSBC, precisa ter um comportamento global não apenas nos negócios, mas também na relação com seus trabalhadores. E o que pretendemos com o acordo marco global é exatamente isso: que sejam garantidos os mesmos direitos para todos os seus trabalhadores em qualquer parte do mundo?, disse Oliver.
Os presidentes da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, e do Sindicato de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, ressaltaram a experiência positiva nas relações entre o movimento sindical e o HSBC no Brasil, que, apesar dos conflitos e das divergências de pontos de vista sobre muitos temas, construíram um canal de diálogo produtivo na busca de soluções para os impasses.
?Queremos mostrar ao HSBC que essa experiência de diálogo no Brasil pode ser um exemplo para sua atuação nos outros países, o que será positivo tanto para os trabalhadores como para o próprio banco?, afirmou Marcolino, que também traçou um paralelo entre o processo de construção da Convenção Coletiva dos Bancários brasileiros e o acordo marco global. ?Hoje temos mais de 110 sindicatos de bancários no Brasil. Imagine como seriam as negociações do banco sindicato a sindicato e as diferenças regionais que isso poderia produzir. Para evitar isso, em 1992 construímos a Convenção Coletiva para todos os bancários de todos os bancos. O acordo marco global que estamos propondo é justamente isso. E achamos que o HSBC no Brasil pode dar uma importante contribuição nesse sentido?, acrescentou o presidente do Sindicato de São Paulo.
A diretoria de RH, Vera Saikali, disse que a decisão sobre a assinatura de um acordo marco global cabe à matriz do HSBC, em Londres, mas se prontificou a dar a colaboração da direção do banco no Brasil para a busca desse entendimento.
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, avalia a reunião como positiva: ?Queremos que a relação sindical que temos com o HSBC possa ser estendida a outros países e para isso achamos fundamental a participação da direção do banco no Brasil. Demos hoje um passo importante na direção da construção de um acordo marco global com o HSBC?.
Também Márcio Monzane, diretor da UNI Américas, considerou a reunião com o HSBC positiva, por duas razões. ?Em primeiro lugar, porque a direção do banco no Brasil, embora não tenha poderes para negociar o acordo marco global, pode levar sua experiência à diretoria mundial da empresa e contribuir para o entendimento. Além disso, a reunião também serviu para mostrar ao HSBC a importância do movimento sindical brasileiro e sua capacidade de se articular globalmente?, avalia Márcio.
Participaram ainda da reunião com o HSBC o secretário-geral da UNI Américas Raul Requena; Stwart Dack, diretor da Unite, sindicato dos bancários do Reino Unido; Jayasri Priyalal, da UNI Ásia Pacífico; Carlos Alberto Kanak, coordenador da Comissão de Organização dos bancários do HSBC e secretário-geral do Sindicato de Curitiba, além de dirigentes sindicais da Espanha, França, Estados Unidos, Argentina, Malásia, Uruguai, Paraguai e Colômbia.
Por José Luiz Frare 18 March 2010 22:06:17
NOTÍCIAS COLHIDAS NO SÍTIO http://www.uniglobalunion.org/Blogs/bankonrights.nsf/