Bancos fazem lobby para aprovar reforma porque estão entre os maiores devedores da Previdência

Publicado em: 05/06/2019
Bancos fazem lobby para aprovar reforma porque estão entre os maiores devedores da Previdência

    Porque os bancos defendem com tanto afinco e fazem lobby no Congresso Nacional para a aprovação da Reforma da Previdência proposta pelo ministro da economia do governo Bolsonaro, o também banqueiro Paulo Guedes?

    Um fato que deixa claro o motivo de os banqueiros pressionarem os parlamentares a aprovar a PEC 6/2019: os bancos estão entre os maiores devedores da Previdência Social.

    Somente o Itaú, a maior instituição financeira privada do país, deve à Previdência mais de R$111,8 milhões. A dívida do Bradesco ao INSS é ainda maior: R$575 milhões.    Nada justifica o calote do sistema financeiro. Os quatro maiores bancos, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander) lucraram, em 2018, R$73 bilhões, 12,3% a mais do que em 2017. No total, a dívida dos 500 maiores caloteiros da Previdência, incluindo todos os setores da economia, chega à casa dos R$424 bilhões de reais.

    Além disso, o projeto do governo prevê o fim do sistema de repartição da Previdência Social, criando um sistema de capitalização privada onde somente o trabalhador contribui para a sua aposentadoria. O empregador não entra com um centavo.

    Outra razão para o apoio dos banqueiros ao projeto que ataca o direito do trabalhador se aposentar é a preocupação de que, com o aprofundamento da recessão, a União pode não ter como pagar o montante que representa a maior fatia da dívida pública: os juros que o governo paga aos bancos da amortização da dívida. Praticamente a metade da arrecadação com impostos pagos pelos brasileiros (43,98%) vai para o pagamento dos juros e amortização da dívida. Já a Previdência Social, consome bem menos: 22,47%.

    “O governo tenta convencer a sociedade de que a aposentadoria dos trabalhadores é a principal causa do desequilíbrio nas contas públicas. Isto não é verdade. Até porque no INSS não há aposentados privilegiados, mas sim no poder político, no judiciário e no alto escalão das Forças Armadas, afirma a presidenta do SEEB-Rio, Adriana Nalesso.