Bancos ignoram 45% das regras que protegem o consumidor
 
            
            Avaliação feita durante um ano com os dez maiores bancos do país revelou  que as instituições financeiras desrespeitam 45% das exigências do  Código de Defesa do Consumidor, além de leis e resoluções que  regulamentam o setor. De acordo com estudo do Instituto Brasileiro de  Defesa do Consumidor (Idec), Real e Santander tiveram o pior resultado,  cumprindo apenas 38% das determinações. 
O estudo avaliou 16 práticas, entre elas: abertura de contas; aquisição  de crédito; informação do valor total da operação (taxas, tarifas e  juros); liquidação antecipada de empréstimo; avaliação dos serviços em  terminais de autoatendimento, na internet e dos Serviços de Atendimento  ao Consumidor (SACs); e encerramento das contas. Para isso,  pesquisadores mantiveram conta nos bancos por um ano, entre outubro de  2008 e setembro de 2009 e, durante o período, testaram diversos  serviços.
Ione Amorim, coordenadora da pesquisa, disse que, no processo de  abertura de contas, todos os bancos foram reprovados por não entregarem o  termo de adesão do pacote de serviços solicitados. HSBC, Real,  Santander e Unibanco sequer entregaram o contrato. O Banco Real disse  ter reforçado a orientação de fornecer o contrato. O pior desempenho na  abertura de contas, no entanto, ficou com o Itaú, com apenas 13% das  exigências cumpridas.
– O consumidor escolhe o pacote, mas não assina nada, recebe apenas um  folder explicativo, quando recebe explica Ione. 
Segundo Ione, os contratos também são unilateriais. O consumidor só  assina, sem ter como negociar. Muitos já incluem cheque especial e  cartão de crédito sem consultar o cliente. 
No empréstimo pessoal, Santander e Unibanco tiveram o pior índice. Os  pesquisadores do Idec solicitaram crédito de 
R$ 300 para ser parcelado em três vezes e, na segunda parcela, quitaram a  dívida.
O Unibanco descumpriu quase todas as leis: não deu contrato, não  informou o custo total e tampouco entregou comprovante de liquidação da  dívida, quando o cliente antecipou o pagamento das parcelas. Já o  Santander negou o crédito sem dar explicações, mas concedeu limite de  cheque especial muito além do empréstimo solicitado. 
– O banco tenta induzir o cliente a pegar um crédito com juros muito  maiores ressalta.
O Idec ainda observou que o Real tem a taxa de juros mais alta para  crédito pessoal (7,35% ao mês), e o Santander cobrou taxas abusivas,  ficando com o maior custo total (11,39% ao mês). “O banco cobra taxa que  não existe na padronização do Banco Central, que eles chamam de Repasse  de Encargos de Operação de Crédito e ainda cobram seguro, que é  considerado venda casada, proibido pelo Código de Defesa do Consumidor”,  alerta a coordenadora da pesquisa.
Em outubro, os pesquisadores não conseguiram abrir uma conta de serviços  essenciais, um pacote básico definido pelo BC em abril de 2008, isento  de tarifas. Segundo o Idec, os funcionários dos bancos confundiam com  conta salário ou diziam que não existia o serviço, embora a modalidade  já estivesse em vigor havia seis meses. 
Os serviços de atendimento também deixaram a desejar. Apenas Bradesco e  Real mantêm linha de atendimento nos terminais 24 horas, para eventuais  problemas nas operações.
Fonte : JB
 
                 
                 
                