Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT define prioridades e reforça compromisso com a defesa da vida dos bancários

Publicado em: 03/12/2025
Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT define prioridades e reforça compromisso com a defesa da vida dos bancários

Em reunião de planejamento, coletivo estabelece metas estratégicas para enfrentar o adoecimento da categoria e fortalecer a ação sindical diante das transformações no sistema financeiro

O Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT realizou, na quinta-feira (27), na sede da entidade em São Paulo, sua reunião de planejamento com um compromisso central: fortalecer a defesa da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras do sistema financeiro, em um cenário marcado por profundas transformações no setor bancário.

Para o secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, o encontro reafirma a responsabilidade histórica do movimento sindical com a vida e o bem-estar dos bancários. “Em um contexto em que a intensificação do trabalho, a pressão por metas, a vigilância digital e o avanço das tecnologias ampliam o adoecimento físico e mental, reafirmamos nossa missão: colocar a vida, a dignidade e os direitos dos bancários no centro da ação sindical. Estamos aqui para enfrentar as causas do sofrimento e também para garantir acolhimento e proteção a quem já foi atingido pelo adoecimento”, destacou.

Adoecimento crescente e desafios estruturais

A categoria bancária vive um nível elevado de adoecimento, com destaque para os transtornos mentais e comportamentais. A principal causa é a gestão por estresse e por medo, praticada por meio de metas abusivas, sistemas de avaliação rígidos e remuneração variável atrelada a resultados — um modelo que produz assédio moral organizacional.

A intensificação do uso de tecnologias e de ferramentas de inteligência artificial nos controles internos tem amplificado a pressão, a vigilância e o medo entre os trabalhadores.

Os bancos, segundo o Coletivo, não têm uma política efetiva de prevenção. Seus serviços médicos permanecem subordinados à lógica da produtividade e não à promoção da saúde. Bancários adoecidos enfrentam dificuldades para acessar tratamento; quando retornam ao trabalho, sofrem discriminação e estigmatização.

Esse cenário impõe ao movimento sindical um duplo desafio:

  1. Enfrentar as causas estruturais do adoecimento;
  2. Garantir proteção, acolhimento e reparação aos trabalhadores atingidos.

Com a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho em 2026, o Coletivo entende que será o momento de buscar avanços concretos nas cláusulas de saúde, consolidando conquistas e introduzindo novos mecanismos efetivos de prevenção, fiscalização e controle social.

Objetivos estratégicos para 2026

A partir das análises e debates, o Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT definiu como metas centrais:

  • Dar visibilidade pública à situação de adoecimento da categoria;
  • Ouvir e dialogar com os bancários, criando espaços permanentes de escuta;
  • Envolver dirigentes e delegados sindicais no enfrentamento ao adoecimento;
  • Cobrar atuação dos órgãos públicos responsáveis por promover e fiscalizar a saúde (MPT, INSS, MS, MT);
  • Negociar mudanças estruturais na gestão de metas dos bancos;
  • Atualizar estudos, protocolos e materiais formativos sobre novas formas de controle e vigilância digital;
  • Manter a pressão contra metas abusivas, assédio moral e sexual;
  • Clausular medidas específicas para coibir a pressão por resultados;
  • Lutar por acolhimento e prevenção efetiva nos bancos e nos planos de saúde;
  • Reforçar a interlocução com o movimento sindical internacional, universidades e instituições públicas.

Prioridades para 2026

Defesa da saúde e da vida dos bancários:

  1. Consolidar a saúde como eixo estratégico da ação sindical, articulada às pautas de emprego, remuneração e condições de trabalho;
  2. Garantir o cumprimento integral das cláusulas de saúde da CCT;
  3. Fortalecer espaços bipartites e tripartites de negociação;
  4. Ampliar o acompanhamento dos casos de adoecimento físico e mental relacionados ao trabalho, com foco na prevenção e na reabilitação.

Enfrentamento ao assédio e às metas abusivas:

  1. Intensificar denúncias e negociações sobre metas inalcançáveis, gestão por pressão e assédio algorítmico;
  2. Promover campanhas nacionais permanentes de combate ao assédio moral;
  3. Elaborar protocolos e materiais formativos sobre novas formas de controle e vigilância digital;
  4. Aprofundar o debate sobre riscos psicolaborais.

Regulamentação da tecnologia e da inteligência artificial:

  1. Exigir transparência e participação sindical nos processos de digitalização e automação;
  2. Lutar por cláusulas específicas que protejam saúde e empregos diante da introdução de tecnologias e sistemas algorítmicos;
  3. Promover debates e formações sobre o impacto psicossocial das tecnologias digitais na categoria.

Produção e sistematização de dados:

  1. Implementar um banco de dados nacional sobre afastamentos, readaptações e causas de adoecimento no setor;
  2. Promover estudos em parceria com universidades, Dieese e entidades públicas;
  3. Utilizar essas informações para qualificar a negociação coletiva e a incidência política.

Defesa do SUS e das políticas públicas de saúde:

  1. Reafirmar a saúde como direito universal e dever do Estado;
  2. Combater a privatização e a financeirização da saúde;
  3. Atuar junto à CUT e às frentes nacionais em defesa do SUS e da Política de Saúde do Trabalhador;
  4. Denunciar práticas patronais que transferem os custos do adoecimento para o sistema público.

A reunião reforçou que a defesa da saúde dos bancários seguirá como prioridade estratégica da Contraf-CUT em 2026. Para Mauro Salles, o momento exige firmeza, organização e unidade. “Estamos diante de um modelo de gestão que adoece e descarta. Nosso papel é resistir, denunciar e construir alternativas que garantam dignidade, proteção e vida. Nada é mais urgente.”