Consciência Negra: os desafios contra o retrocesso

O Dia Nacional da Consciência Negra este ano tem uma importância singular. Nunca foi fácil para a comunidade negra lutar por seus direitos e emancipação e por uma sociedade justa, sem qualquer forma de discriminação. Desde Zumbi dos Palmares, um dos pioneiros da resistência contra a escravidão, passando por João Cândido, que liderou a revolta contra o uso da chibata como forma de castigo na Marinha, o movimento negro ainda hoje enfrenta uma sociedade profundamente racista e desigual. Ao longo dessa jornada, foram conquistados avanços importantes, como as políticas afirmativas instituídas pelo presidente Lula, reparando uma dívida social histórica do processo civilizatório brasileiro através das cotas e de programas sociais que estimulam a ascensão social e ampliam as oportunidades. Mas, há um projeto que quer colocar tudo a perder.
Este ano, o mês da Consciência Negra coloca a sociedade diante de um grande desafio: enfrentar o maior retrocesso desde o início do século XX. Um discurso e o projeto, que teve a maioria dos votos válidos dos brasileiros, desmitifica de vez a ideia de “democracia racial” e explicita que a sociedade brasileira é extremante conservadora e preconceituosa.
“Nosso desafio é reorganizar e fortalecer a resistência ao aprofundamento da opressão e da espoliação no Brasil. Enfrentar o ranço de uma elite mesquinha, egoísta, ranzinza e racista. Não basta derrotar o retrocesso vigente. É preciso retomar o sonho de uma nação justa, com oportunidades para todos, sem qualquer forma de preconceito e discriminação. E já provamos que isto é perfeitamente possível. Só depende de nós!”, exclamou Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT.