Economista diz que além de agravar as desigualdades, a Reforma da Previdência não acaba com os privilegiados

Publicado em: 22/07/2019
Economista diz que além de agravar as desigualdades, a Reforma da Previdência não acaba com os privilegiados

O professor e economista Eduardo Fagnani, mestre em Ciência Política e doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirmou que para de fato combater os privilégios, mais eficiente seria uma Reforma Tributária que alcançasse os ricos. Segundo ele, é uma grande farsa anunciada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) que o objetivo da Reforma da Previdência é acabar com os privilégios, quando na verdade, quase 80% da economia projetada pelo ministro Paulo Guedes sairá do bolso dos mais necessitados.




Segundo Fagnani a proposta da Reforma da Previdência acaba com o Estado de Bem-Estar Social criado pela Constituição de 1988. “Tem um teto constitucional, que diz assim: ‘Nenhum salário pode ser maior do que o ministro do supremo.’ Mas, tem muita gente que ganha acima do ministro do supremo e ninguém faz nada, especialmente os magistrados”, disse o economista.




Para citar um exemplo disso, o economista explica que “hoje uma pessoa que ganha 365 mil reais por mês, tem 75% da sua renda isenta de tributação… Pois, como essa pessoa tem muitos descontos, muitas isenções, ela paga 6% de imposto de renda, em média, é o que se chama de ‘alíquota efetiva’. Você pega a dos países europeus, a média da alíquota do imposto de renda é de 40%. Tem vários países que praticam a alíquota de imposto de renda entre 50% e 60%. E no Brasil, um milionário, que faz parte de 1% da população, paga tarifa efetiva de 6%”, conclui perplexo.




De acordo com o economista, os privilegiados do Brasil gargalham da Reforma da Previdência. O governo federal abre mão da sua receita por dar isenção e incentivo fiscal para empresas. “Você tem sonegação no Brasil que se estima hoje a R$ 600 bilhões de reais por ano. Em 10 anos são R$ 6 trilhões. São seis vezes a Reforma Previdenciária. Por que é que, ao invés de combater a sonegação, você premia o sonegador, dando o REFIS, refinanciamento? Por que não se acaba com o refinanciamento da sonegação para a previdência?”, indaga Fagnani.