Empreendedores negros batem recorde de renda, mas desigualdade persiste

Publicado em: 17/10/2025
Empreendedores negros batem recorde de renda, mas desigualdade persiste

Os empreendedores negros do Brasil atingiram, em 2024, o maior patamar de renda domiciliar per capita desde o início da série histórica da PNAD Contínua Anual, segundo levantamento do Sebrae, com base em dados do IBGE. O estudo mostra que, em quase todas as faixas de renda, o crescimento dos rendimentos entre empresários negros foi superior ao dos empreendedores brancos — um avanço relevante para a inclusão econômica no país.

Apesar do recorde, a desigualdade racial continua marcando o cenário do empreendedorismo. A renda média dos donos de negócios negros chegou a R$ 2.700,98 em 2024, mas ainda é 35,7% menor que a dos brancos, cuja média atingiu R$ 4.202,56. Ambos os grupos, no entanto, registraram seus melhores resultados em 12 anos de pesquisa.

Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, os números revelam tanto conquistas importantes quanto os desafios que persistem. “O empreendedorismo é uma ferramenta de inclusão social e produtiva no nosso país. A criação desses negócios gera muitos impactos positivos, disponibilizando emprego e renda”, afirmou. Lima destacou também que o fortalecimento de negócios liderados por pessoas negras é essencial para a construção de um país mais justo. “Ao apoiar negócios comandados por pessoas negras, estamos criando oportunidades e construindo um futuro mais inclusivo. A atuação está centrada em promover a igualdade e o crescimento para uma parcela significativa da população”, declarou.

O levantamento aponta ainda que a presença de empreendedores negros diminui conforme a renda aumenta. Entre os beneficiários do Programa Bolsa Família, eles representam 81,1% dos donos de negócios. Essa proporção cai para 72,9% entre os que ganham até meio salário mínimo e chega a apenas 28,2% entre os que têm renda superior a três salários mínimos.

Mesmo diante desse cenário, o número de empreendedores negros (pretos e pardos) segue em expansão. O país já soma mais de 16 milhões de donos de negócios negros, um crescimento de 28,3% em dez anos. Entre os brancos, o total é de 14 milhões, com avanço de 18,4% no mesmo período.

Décio Lima defendeu a continuidade e ampliação das políticas públicas de inclusão produtiva. “É essencial que o país siga investindo em ações de inclusão e de resgate da maior parcela empreendedora do Brasil, para mudar a realidade apontada no estudo”, concluiu.