Escândalo da Americanas faz Rial se demitir do Santander
O ex-presidente executivo do Santander Brasil, Sérgio Rial, renunciou, na sexta-feira passada (20/1), à presidência do Conselho de Administração da seção brasileira do banco espanhol. A saída acontece nove dias depois de pedir demissão do cargo de presidente das Lojas Americanas após divulgar um rombo de mais de R$ 43 bilhões, fruto de fraudes contábeis no balanço da varejista.
O valor do rombo é relacionado a uma operação financeira conhecida como "risco sacado", onde a companhia pega dinheiro emprestado com bancos para comprar de fornecedores. Um dos credores é o Santander, mas há dívidas com o Bradesco, Itaú e BTG-Pactual de Paulo Guedes. Segundo informações do mercado financeiro, a fraude consistia em não registrar os valores como dívida bancária, mas como dívidas aos fornecedores, e os pagamentos dos juros devidos como redução do valor da dívida com os fornecedores, não como despesa financeira.
Nas investigações preliminares, o que Rial chamou de ‘inconsistências contábeis’ já vinham sendo praticadas durante anos, e não apenas em 2022. O principal controlador da Americanas era o fundo de investimentos 3G Capital, dos três bilionários brasileiros, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. A suspeita que o trio soubesse da fraude bilionária é reforçada diante das notícias de que membros da diretoria da empresa teriam vendido quantias expressivas em ações pouco tempo antes de o caso ser divulgado por Rial.
Toda esta negociata se agrava ainda mais pelo fato de envolver a Price Waterhouse Coopers (PwC), uma das quatro maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo. A PwC, teria aprovado os balanços fraudulentos das lojas Americanas.
Os acionistas minoritários da Americanas vão entrar com ação contra a consultoria multinacional pela prática de crimes contra o mercado de capitais e financeiro do Brasil.