Greve forte é culpa dos banqueiros

Publicado em: 30/09/2013
Greve forte é culpa dos banqueiros

A greve nacional dos bancários chega nesta segunda-feira (30/09), a 12 dias e a total responsabilidade por esse quadro é dos banqueiros. Desde 05 de setembro, ou seja, há exatos 25 dias, os negociadores da federação dos bancos (Fenaban), sabem que os bancários não aceitariam a proposta de 6,1% de reajuste, sem qualquer aumento real para salários, piso, vales, auxílios, nem para a PLR.


Os bancos começaram com a choradeira de sempre, de que os lucros não subiram tanto e a economia do país não vai bem. Mas os números desmentem totalmente essa versão dos patrões. O lucro líquido do setor atingiu o patamar de R$ 59,7 bilhões nos últimos 12 meses findos em junho de 2013, o que representa crescimento de 7% em relação ao mesmo período entre 2011 e 2012 (R$ 55,8 bilhões).


Este ano, o resultado promete ser melhor ainda, já que o lucro líquido dos seis maiores bancos (BB, Caixa, Itaú, Bradesco, Santander e HSBC) atingiu R$ 29,6 bilhões, com crescimento de 18,2% (primeiro semestre de 2013 em relação ao mesmo período de 2012).

    Nem a crise internacional é pretexto: em setembro de 2008, auge dos problemas, o total de ativos de 156 bancos que entregaram balanços ao Banco Central do Brasil era de R$ 3,006 trilhões. Em junho deste ano, os ativos de 140 bancos - 16 desapareceram por conta das fusões no setor - alcançaram R$ 5,705 trilhões, salto de 89%. Assim, os ativos dos bancos no Brasil, que chegava a 100% do Produto Interno Bruto passou, em cinco anos, para 126% do PIB do país (levantamento da consultoria Austin Rating).


A economia brasileira também vai bem, principalmente se comparada ao mundo em crise: crescimento do Produto Interno Bruto de 1,5% no segundo trimestre do ano (um dos maiores do mundo), desemprego em queda - 6,1%, o menor da história - e avanço de 5,8% no rendimento médio dos trabalhadores (dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pnad 2012, do IBGE).


Na última sexta-feira (27/09), quando os bancários completaram nove dias em greve, mais de 29 mil trabalhadores cruzaram os braços em 559 locais de trabalho (545 agências e 14 centros administrativos). No Brasil, 10.633 unidades de bancos públicos e privados fecharam em 26 estados e no Distrito Federal, segundo levantamento da Contraf-CUT com informações dos sindicatos.


As principais reivindicações dos bancários são:


- Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação);

- PLR: três salários mais R$ 5.553,15;

- Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese);

- Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional);

- Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários;

- Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas;

- Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários;

- Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação;

- Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários;

- Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.