Greve se fortalece no segundo dia e 7.324 agências são fechadas

Subiu para 7.324 o número de agências e centros administrativos de bancos públicos e privados fechados ontem, dia 19, segundo dia da greve nacional dos bancários, segundo o balanço realizado pela Contraf-CUT com base nos dados enviados pelos 137 sindicatos que integram o Comando Nacional da categoria.
Na terça-feira, dia 18, primeiro dia da paralisação, 5.132 agências haviam sido fechadas. Na greve do ano passado, foram paralisadas 6.248 unidades no segundo dia.
"O movimento está se ampliando rapidamente em todo Brasil. Os banqueiros pagaram pra ver e estão vendo a força da greve, resultado da insatisfação dos bancários diante da ausência de nova proposta da Fenaban que contemple as reivindicações da categoria", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
A Contraf-CUT enviou cartas à Fenaban e aos bancos no dia 05 para reafirmar que apostava no processo de negociação e aguardava uma nova proposta para ser apreciada pelas assembleias previamente convocadas para os dias 12 e 17. Mas a federação dos bancos não deu resposta até hoje.
"Esperamos que a Fenaban rompa o silêncio, marque nova negociação e apresente uma proposta decente para levarmos às assembleias dos bancários. Em caso contrário, a greve continuará crescendo e poderá entrar na próxima semana", diz Carlos Cordeiro.
Os bancos podem atender aos bancários:
Os seis maiores bancos, que empregam 90% da categoria, lucraram R$ 25,2 bilhões no primeiro semestre de 2012, um aumento de 1,20% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso sem contar a manobra contábil de superdimensionamento das provisões para devedores duvidosos (PDD) diante de uma inadimplência em queda. O lançamento em PDD foi de R$ 39,15 bilhões no primeiro semestre, 64,3% a mais que o lucro líquido dos bancos.
Quase todos os acordos salariais assinados no primeiro semestre de 2012 resultaram em aumento real de salários dos trabalhadores, segundo uma pesquisa realizada pelo Dieese. Muitos desses acordos foram superiores a inflação, enquanto a Fenaban ofereceu meros 0,58% de ganho real aos bancários.
Enquanto a Fenaban propõe reajuste de apenas 6% aos bancários, a remuneração já milionária dos altos executivos dos bancos aumentou este ano em 9,7%, segundo dados fornecidos pelos próprios bancos à Comissão de Valores Mobiliários. Assim, a remuneração anual de cada diretor estatutário chegará até R$ 8,4 milhões este ano.
Os bancários brasileiros têm baixos salários; Enquanto os bancos pagam piso de US$ 1.090 dólares no Uruguai e de US$1.200 dólares na Argentina, aqui no Brasil o salário de ingresso de um bancário é de US$681 dólares, ou seja, R$ 1.400,00. Os bancários querem um piso de R$ 2.416,23, equivalente ao salário mínimo do Dieese.