IR de volta em atrasados trabalhistas e do INSS
            
            Receita segue STJ e vai restituir dinheiro retido de contribuintes nos últimos 20 anos
Trabalhadores e segurados do INSS que, nos últimos 20 anos, receberam dinheiro na Justiça e tiveram de pagar Imposto de Renda poderão reaver os valores descontados. Em alguns casos, a devolução ultrapassa R$ 20 mil.
A Receita Federal  ainda vai regulamentar a devolução por ato normativo, mas a medida  começa a vigorar este ano. Para ações ou pagamentos administrativos  feitos em qualquer órgão, já não se efetua mais o desconto. A nova norma  poderá ser por declaração retificadora, com programa específico ou até  por pedido de restituição.
MODELO MAIS VANTAJOSO
Para  o STJ, devem ser adotadas tabelas e alíquotas das épocas próprias dos  tais rendimentos, e o cálculo precisa ser mensal e não global. Mas a  Receita optou por modelo de ressarcimento mais vantajoso ao  contribuinte, com os percentuais da atual tabela. “Este entendimento (do  STJ) gera dificuldades intransponíveis à Administração Tributária,  visto que é necessário analisar as declarações do IR entregues pelos  contribuintes nos últimos 10, 15 e até 20 anos”, anunciou o Fisco. 
Caso  de pessoa que teve revisão de benefício ou complementação de salário  que atinja hoje R$ 1.499,15 (teto de isenção da Receita), a correção por  um período de cinco anos seria de R$ 82.228.60. “Se a tributação  ocorresse antes da alteração, o contribuinte sofreria a retenção do IR,  no importe de R$ 21.920,09”, explica o advogado tributário do Cenofisco  (Centro de Orientação Fiscal), Lázaro Rosa da Silva. Esse trabalhador  ficaria sujeito à alíquota mais elevada de todas: 27,5%. Agora, seria  zero.
Especialista: certo seria isenção total
A  notícia de que a atual tabela é mais vantajosa foi bem recebida pelos  tributaristas, mas há quem discorde. A especialista Rose Marie de Bom  afirma que esses rendimentos não deveriam nem ser tributados. “Discordo  da MP, porque ela buscou solução que ainda cai em arrecadação. Em épocas  próprias, talvez houvesse abatimentos que hoje não se tem, como filho  dependente estudando, pensão alimentícia ou tratamento de saúde”,  critica.
Advogado do Cenofisco, Lázaro Rosa da Silva diz que,  considerando a prática governamental nos últimos tempos, é vantagem, mas  lembra que esse direito já deveria ter sido reconhecido desde 2002. “E  não precisaríamos ter ações judiciais desde então para corrigir o  problema”, lamenta. 
Segundo ele, a Lei 10.522 foi editada e já  expressava que não seria exigida a tributação. “Como ninguém reclamou,  como no caso da tributação das férias, não fizeram nada. A decisão foi  provocada pela Justiça”, explicou.