Itaú com lucro crescente continua fechando agências e demitindo

Publicado em: 06/02/2025
Itaú com lucro crescente continua fechando agências e demitindo

Itaú encerra 2024 com lucro recorrente de 41,4 bilhões de reais, com alta de 18%...

O Itaú Unibanco reportou lucro recorrente de 41,4 bilhões de reais em 2024. O resultado é 18% maior que o de 2023. Considerando-se apenas o quarto trimestre, o banco lucrou 10,9 bilhões de reais, com um incremento de 2% sobre o terceiro trimestre.

Segundo o banco, a alta do lucro foi impulsionada pelo crescimento de 15,5% da carteira de crédito expandida em 2024, e foi o principal fator do crescimento de 7,1% da margem de clientes. “Ao mesmo tempo, os indicadores de qualidade de crédito continuaram melhorando ao longo do ano, o que resultou em uma redução de 6,6% no custo de crédito no período. A performance reflete a capacidade do banco em crescer de maneira sustentável, com qualidade e rentabilidade”, diz a nota do banco.

Entre os analistas, o Itaú é conhecido por ser um relógio suíço, devido a sua entrega de resultados recorrentes e, para os mesmos, o Itaú confirma, assim, o bom momento operacional que vive nos últimos anos.

… Mas continua fechando agências e demitindo!

Apesar dessa entrega de resultados ser fruto dos bancários e bancárias, funcionários do Itaú, o banco agiu na contramão da lucratividade e fechou 227 agências em 2024. O número supera a média de fechamento de agência de anos anteriores (em média 200 por ano). Com relação aos postos de trabalho, segundo o banco, no ano passado foram contratadas 10.193 pessoas e demitidas 7.721.

Nesta quarta-feira (5), representantes sindicais dos empregados do Itaú se reuniram com o banco para falar sobre diversos problemas que afetam os trabalhadores. Foram duas reuniões seguidas, a primeira do Grupo de Trabalho de Saúde do Itaú, composto por representantes dos funcionários e do banco, e a segunda de negociação entre a Comissão de Organização dos Empregados (COE) e o Itaú.

“Ficou claro que o projeto do banco é continuar fechando agências, deixando a população sem atendimento e aumentando a sobrecarga de trabalho nas agências que permanecem abertas”, disse a coordenadora da COE, Valeska Pincovai. Para ela, a redução do número de postos de trabalho não se justifica frente ao grande lucro que o banco vem obtendo ano após ano.

Após questionamento da COE, o banco informou que o fechamento de agências interferiu no cotidiano de trabalho de 2.052 funcionários, sendo que 75,7% deste contingente foram realocados para outras unidades ou áreas de trabalho do banco. O programa de realocação e requalificação de funcionários é uma conquista da Campanha Nacional dos Bancários.

Em Petrópolis o banco já comunicou o fechamento de mais uma agência. A agência Itaipava, prefixo 6182, está com data prevista de encerramento para o dia 31/03 deste ano.

Valorização dos trabalhadores

Na reunião de negociação com o banco, a COE apresentou uma proposta para que o Programa Complementar de Resultados (PCR) seja pago considerando as perdas que os bancários tiveram em relação ao reajuste da categoria e da pandemia de covid.

A COE também reivindica o debate sobre o Gera, que é o programa de remuneração variável do banco, em decorrência dos diversos problemas no programa que foram apresentados na reunião.

Problemas com o GERA:

  • SQV;
  • Metas aumentaram depois que passaram para trimestral;
  • Metas não levam em conta a realidade da agência;
  • Canal Fale com o Gera não funciona;
  • Espelhamento;
  • Demora na atualização da produção;
  • Cartilha do Gera não tem clareza;
  • Ponderador;
  • Mudança das metas a todo momento;
  • Não há readequação das metas do funcionário que sai de férias ou licença.

“Apresentamos os problemas do Gera ao banco e vamos apresentar propostas de solução para estes problemas na reunião do GT (Grupo de Trabalho) sobre o programa, que será realizada em fevereiro”, disse a coordenadora da COE/Itaú.

A próxima reunião de negociação entre a COE e o banco ocorrerá no dia 26 de fevereiro.

GT de Saúde

Na reunião do GT de Saúde, a representação dos trabalhadores apresentou diversos problemas que estão ocorrendo com as juntas médicas mantidas pelo banco para avaliar a saúde dos empregados, especialmente aqueles que se afastam para tratamento. Um levantamento feito em várias federações sindicais apontou que há falta de pagamento dos médicos, problemas de comunicação e a suspensão de complementação salarial dos funcionários.

O banco informou que as juntas médicas estão previstas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria e serão mantidas, mas se comprometeu com a resolução dos problemas.

Será criado um Grupo de Trabalho para padronizar o fluxo e sanar os problemas. As reuniões deste GT específico ocorrerão a cada 15 dias.

Linha de Cuidado

O Itaú apresentou um programa novo chamado de Linha de Cuidado para os trabalhadores adoecidos e também realizará uma pesquisa entre seus funcionários para mensurar os riscos psicossociais, visando a melhoria da qualidade de vida e dos cuidados com a saúde do trabalhador. Em breve a pesquisa será divulgada aos trabalhadores.

“O banco precisa, de fato, priorizar a qualidade de vida dos bancários, pois a situação atual é de trabalhadores adoecendo cada vez mais, devido ao assédio moral e a cobrança abusiva para o cumprimento de metas”, avalia Valeska. “E não adianta criar programas e não mudar o método de trabalho. Os trabalhadores precisam ser respeitados e o ambiente de trabalho precisa ser saudável, não adoecedor”, completou.