Lucro alimentado pela terceirização

O anúncio do lucro trimestral de três dos maiores bancos no Brasil reforça um padrão: ganhar com demissões. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander viram seus resultados crescerem vertiginosamente em dois anos, entre o primeiro trimestre de 2013 e o mesmo período de 2015: de R$ 7,9 bi para R$ 11,7 bi, aumento de 46,9%. No mesmo período, o número de empregados nas três instituições foi reduzido em mais de 15 mil.
Esse padrão vem se repetindo ao longo dos últimos anos e poderia levar a crer que os bancos demitem por falta de demanda de serviços. Não é verdade. O número de contas correntes só cresce e faz com que a sobrecarga de trabalho seja uma marca registrada do setor financeiro.
Como componente importante do lucro, também sobe todo ano o que os maiores bancos brasileiros (BB, Caixa, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Safra e HSBC) arrecadam com tarifas: saltou de R$ 97,1 bi em 2013 para R$ 107,5 bi em 2014, variação de 10,8%. Isso comprova que essas empresas conseguem pagar todos os seus funcionários, com sobras, somente com o que arrecadam com a receita de prestação de serviços e tarifas. Em 2013, essa relação foi de 125,3% e em 2014 chegou a 128,8%. Ou seja, o que os clientes pagaram aos bancos em forma de tarifas, serviu para pagar todo mundo e ainda sobrou mais 25,3% em 2013 e 28,8% em 2014.
O que os bancos fazem não é o milagre da multiplicação do dinheiro, mas sim o da subtração de empregos. Desde os anos 1990, serviços realizados por milhares de bancários (que já foram um milhão e duzentos mil em todo o Brasil e hoje são cerca de 500 mil), passaram para terceirizados ou correspondentes bancários. Se no início, nos idos de 1980, a terceirização estava circunscrita a setores como limpeza e segurança, paulatinamente foi avançando: primeiro foi a compensação de cheques, depois as áreas de cobrança, análise de crédito, abertura de contas, numerário. Sem falar nos correspondentes bancários que operam, muitas vezes, ao lado dos bancos e já somam mais de 338 mil em todo o país.