MENOS METAS, MAIS SAÚDE!
Na última quinta-feira, 25/07, aconteceu a 5ª rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), com o tema “Saúde e Condições de Trabalho”. Mesmo com todos os dados apresentados pelos representantes dos trabalhadores, a Fenaban negou que sua política de cobrança de metas esteja relacionada ao crescente adoecimento mental da categoria bancária.
Dados do INSS demonstram que, entre 2013 e 2020, foram registrados 20.192 afastamentos de bancários, com alta de 26,2% entre 2015 e 2020, percentual 1,7 vez acima do crescimento dos afastamentos em geral registrados no país. Até 2012, as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo eram as principais causas de afastamentos de bancários, correspondendo a mais de um quarto dos benefícios concedidos pelo INSS no período. Porém, desde 2013, os transtornos mentais e comportamentais tornaram-se as principais causas dos afastamentos na categoria.
No país, em relação ao total dos afastamentos acidentários por doenças mentais e comportamentais, os afastamentos de bancários correspondiam a 12% do total em 2012, aumentando para 25% em 2022. Ou seja, a cada quatro trabalhadores afastados, um deles é bancário.
“Inúmeras pesquisas mostram a correlação entre trabalho e saúde mental. Além disso, decisões judiciais, movidas pelo Ministério Público do Trabalho ou pelos próprios bancários, têm condenado os bancos por assédio moral e pressão por resultados. Também auditorias fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, em inspeções nos locais de trabalho, constatam essa relação”, concluiu Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT.
As reivindicações sobre o tema se concentraram em quatro eixos, que envolvem os artigos que vão do 75 até o 104 da minuta de reivindicações, que a categoria entregou aos bancos no começo da campanha nacional.
- Definição de metas e a política de gestão na aplicação das metas, para que não sejam conduzidas de forma abusiva e que a elaboração dos programas conte com a participação dos trabalhadores;
- Combate ao assédio moral. Os trabalhadores registraram que os acontecimentos desse tipo de violência estão atrelados ao primeiro ponto, por conta da pressão de gestores para que as equipes alcancem as metas. O comando registrou também a importância de os bancos cumprirem a cláusula 61, conquista dos trabalhadores na CCT e que prevê o combate ao assédio moral;
- Fluxo humanizado para o atendimento de trabalhadores e trabalhadoras que, em decorrência de doenças, precisam acionar o INSS para afastamento;
- Direito à desconexão. Os trabalhadores também reivindicaram o cumprimento de cláusula que assegura o direito de não terem que participar de reuniões e de não receberem qualquer tipo de mensagem de trabalho após o horário laboral.