MP 881 atende interesses da economia ortodoxa

Publicado em: 19/08/2019
MP 881 atende interesses da economia ortodoxa

A Medida Provisória 881, que teve o texto base aprovado na última semana pela Câmara dos Deputados, atende os interesses da economia ortodoxa, na qual a lógica é que o dinamismo econômico é puxado pelo lado da oferta. Essa é a opinião da presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.


Editada com a finalidade de reduzir a burocracia e limitar o poder de regulação do Estado sobre as empresas, a “MP da Exploração” avança sobre as leis do trabalho, transformando-a numa espécie de minirreforma trabalhista. Juvandia explica que a ideia desse tipo de economia é “facilitar” a vida dos produtores para que eles aumentem a sua produção e assim gerem crescimento econômico. “Dentre as questões propostas nessa lógica para facilitar a vida do produtor estão a desburocratização e a redução de custos, com impostos e encargos.”


Portanto, para eles, quando você cria uma lei que facilita a abertura da empresa aos sábados e domingos, por exemplo, ou que reduz o custo da força de trabalho, isso por si só vai animar o empresariado a investir mais e gerar crescimento e emprego. “É a mesma lógica que foi utilizada na Reforma Trabalhista. Na época, o Henrique Meirelles disse que a reforma iria gerar seis milhões de empregos, como se apenas o fato de a força de trabalho estar mais barata fosse animar os empresários a saírem contratando.”


A presidenta da Contraf-CUT, porém, aponta a visão econômica da classe trabalhadora. “Nós vemos a economia pelo lado da demanda. Ou seja, se não houver demanda de nada adianta facilitar a oferta, pois os empresários não vão investir mais. Irão apenas aumentar a margem de lucro aumentando as desigualdades. Seria necessário, portanto criar programas ou projetos para gerar emprego, aumentar a massa salarial e, a partir daí, aumentar a demanda da economia. Só então esse processo iria animar os empresários a investirem mais.” Juvandia garante que “da mesma maneira que ocorreu com a previsão de geração de empregos pós reforma trabalhista, que na prática não gerou nenhum, essa nova previsão dessa minirreforma também vai ser frustrada.