Mulheres ainda enfrentam desigualdades no trabalho

As mulheres somam mais que a metade da população brasileira (51%), de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, mesmo sendo maioria no Brasil, elas ainda são minoria nos cargos de direção das empresas do país. Além da dificuldade de ascensão profissional, o gênero ainda enfrenta a desigualdade salarial entre os colegas do sexo oposto.
De acordo com o IBGE, em 2018, as mulheres com idade entre 25 e 49 anos ganhavam em média 79,5% do salário recebido pelos homens do mesmo grupo etário. Essa diferença salarial também é vista ao analisar apenas o setor bancário. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de 2017, o rendimento médio das mulheres é de 22,3% do salário dos homens. A pesquisa aponta ainda que, no Brasil, a equiparação salarial deve levar 42 anos (redução de 0,48 p.p. ao ano), ocorrendo apenas em 2059. Já no setor bancário, a equiparação deve levar 66 anos (redução de 0,34 p.p. ao ano), ocorrendo somente em 2085.
De acordo com os relatórios de sustentabilidade dos maiores bancos do país, além das diferenças salariais, o que se observa nos bancos é uma participação pequena de mulheres nos cargos de direção e nos conselhos de administração. Em torno de 80% a 88% desses altos cargos são ocupados por homens, ou seja, quase não se encontram mulheres nesses grupos ocupacionais.
Para a economista, doutora e pesquisadora na área de relações de trabalho e gênero da Unicamp, Marilane Teixeira, a desigualdade no mercado de trabalho existe, pois, as empresas consideram que as mulheres têm custos elevados, e, que, pelo fato de engravidarem e terem de cuidar do lar, vão ter carreiras intermitentes, e, desta forma, não investem em sua capacitação e nem na sua extensão profissional. “As empresas tentam enquadrar, dentro de suas políticas, critérios de planos de carreira incompatíveis com a vida das mulheres, como: disponibilidade para viagens, flexibilidade de agenda, entre outros, e assim justificam a atribuição de planos de cargo e salários desiguais entre os gêneros”, afirmou.