Mulheres negras enfrentam discriminação e racismo ainda persiste no trabalho

Três séculos de escravidão no Brasil só teve fim por conta da brava resistência dos negros escravizados, mas, ainda deixa marcas tão profundas que, apesar da posse do corpo ter acabado, a discriminação ainda persiste.
Formas de racismo que se expressam no genocídio silencioso da juventude negra e em formas de desigualdade que se somam. Na hierarquia de gênero, por exemplo, as mulheres negras são as que mais morrem e sofrem com a violência doméstica.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2013, a situação é preocupante: mais de 60% das mulheres assassinadas entre 2001 e 2009 eram negras. O Mapa da Violência 2015, divulgado esta semana pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), aponta também que em um ano, morreram 66,7% mais mulheres negras do que brancas no País, um avanço de 54% em 10 anos.
No mercado de trabalho, a população negra enfrenta dificuldades para conseguir emprego e, ainda, recebe salários menores. De acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado em 2013, os negros recebem, em média, 63,89% do salários dos não negros e se concentram em sua maioria no setor de serviços, sendo 56,1% dos trabalhadores no País. O estudo mostra também que entre 2011 e 2012, 27,3% dos afro-brasileiros empregados não chegaram a concluir o ensino fundamental e só 11,8% contavam com o diploma de ensino superior. Entre os não negros, esse valor era de 17,8% e de 23,4%, respectivamente.