Nível superior não garante emprego qualificado

Engana-se quem pensa que a política de austeridade atingiria apenas a população mais carente. A classe média também sente. Ter diploma, por exemplo, já não garante muita coisa no mercado de trabalho, sobretudo depois da terceirização irrestrita e da reforma trabalhista.

Pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que a economia não está gerando vagas compatíveis ao aumento da escolaridade e mais de um terço dos trabalhadores com nível superior completo está em função que exige menos qualificação.

Embora o número de pessoas com diploma tenha elevado, saindo de 13,1 milhões, em 2012, para 19,4 milhões, no terceiro trimestre deste ano, o total de profissionais em vagas incompatíveis com a escolaridade cresceu e atingiu os 38%. O salário médio desses trabalhadores chega a ser 74% menor do que os colegas que ocupam vagas compatíveis com as formações.

A queda da taxa de desemprego registrada nos últimos meses, não quer dizer qualidade na oferta, pelo contrário. Muitas vagas são informais, ou seja, sem direitos. Tem ainda outras modalidades, como o trabalho intermitente, em que a pessoa só ganha pelas horas e dias trabalhados. A nota do Ipea destaca que o mercado de trabalho vai encerrar o ano muito aquém do esperado e pode piorar. O presidente eleito para 2019 voltou a dizer que pretende aprofundar a reforma trabalhista, aproximando-a da informalidade. Na prática significa emprego precário.