No Brasil, 3,3 milhões estão desempregados há mais de dois anos

O número de desempregados cresceu 42,4% nos últimos quatro anos, de acordo com a análise de Mercado de Trabalho divulgada, ontem, terça-feira (18), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O alto índice vai em contradição à justificativa do governo ao aprovar a Reforma Trabalhista, em 2017, quando afirmou que a nova lei iria gerar mais empregos.
O estudo aponta que a parcela de desempregados, há mais de dois anos, avançou 17,4% no 1º trimestre de 2015 para 24,8% no mesmo período de 2019, atingindo 3,3 milhões de pessoas. Deste total, o desemprego atinge mais as mulheres (28,8%) do que os homens (20,3%). Para a economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Vivian Machado, o aumento do desemprego é consequência da reforma trabalhista. “A nova lei possibilitou formas de contratação muito frágeis e podemos observar que o crescimento do desemprego, simultaneamente ao crescimento do trabalho informal e desprotegido. As pessoas vivem de bico para sobreviver. A renda do trabalhador cai e toda a economia é afetada. É uma precarização do mercado de trabalho que afeta trabalhadores, aposentados e reflete na economia como um todo do país”, afirmou.
Os contratos de trabalho intermitente (temporário e esporádico) e de jornada parcial (até 30 horas semanais) totalizam 15,5% do total de empregos com carteira assinada gerados a partir da entrada em vigor da reforma trabalhista. Das 507.140 novas vagas de trabalho abertas de novembro de 2017 a abril de 2019, 58.630 foram para trabalho intermitente e 19.765 para parcial. Enquanto a maioria das vagas intermitentes foi destinada aos homens (63,6%), as mulheres formam a maior parcela das ocupações parciais (60,7%).