O Dia Internacional da Mulher e sua origem trabalhista

Publicado em: 08/03/2013
O Dia Internacional da Mulher e sua origem trabalhista

As atuais comemorações do Dia Internacional da Mulher escondem as raízes trabalhistas da data. Mas esta é a característica mais marcante de sua origem, seja no mito do incêndio da fábrica nova-iorquina em 1857, seja nas comemorações das mulheres socialistas mundo afora desde o início do século XX.


A primeira comemoração do Dia da Mulher aconteceu em 03 de maio de 1908 em Chicago, nos EUA. A cidade tinha forte organização operária e foi palco da greve e do massacre de trabalhadores de 1º de maio de 1886, que deram origem ao Dia do Trabalhador. Em 1910 veio a primeira proposta de comemoração internacional de um Dia da Mulher, durante a 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas. Mas a data não era fixa.


Naquela época, o movimento de mulheres tinha a vertente operária, dentro da organização dos partidos socialistas e anarquistas, e a burguesa, ligada à reivindicação pelo direito de voto. As operárias também se empenhavam na campanha sufragista, mas o movimento sempre esteve associado às mulheres de classe média e alta. Por este motivo, os líderes dos partidos socialistas não incluíam esta reivindicação em sua pauta e desprezavam as demandas das alas femininas.


Mas em 1917 a força das mulheres foi comprovada por uma greve de costureiras e tecelãs russas. As operárias faziam reivindicações trabalhistas, mas também por melhores condições de vida e mais democracia. Esta greve acabou precipitando o início da Revolução Russa, que já vinha sendo planejada. O movimento eclodiu no dia 23 de fevereiro do calendário russo. No calendário gregoriano, adotado no restante do ocidente, corresponde a 8 de março.


O mito da origem


Muito já se pesquisou sobre o suposto incêndio na fábrica novaiorquina em 1857, mas não foi encontrado nenhum registro de sua ocorrência. É provável que se tenha confundido a greve de tecelãs novaiorquinas entre novembro de 1909 e fevereiro de 1910 e um grande acidente trabalhista que ocorreu em 1911 na mesma cidade.


O incêndio de 1911 não teve relação com greves ou movimentos reivindicatórios. A fábrica ocupava os três últimos andares de um prédio, tinha pisos de madeira e tecidos por toda parte. As portas estavam fechadas para que as trabalhadoras não se dispersassem na hora do almoço. Quando o fogo começou, muitos dos 600 trabalhadores conseguiram escapar. Mas, segundo informações da época, 146 pessoas, sendo 125 mulheres, teriam morrido durante o incêndio.


Quatro anos depois, em 1921, as mulheres socialistas fixaram a data como o Dia Internacional da Mulher. Em 1977 a ONU incluiu o 8 de março em seu calendário oficial.