Os infoproletários, a tecnologia e a uberização do trabalho

Publicado em: 08/05/2019
Os infoproletários, a tecnologia e a uberização do trabalho

    Recentemente, os pesquisadores Ricardo Antunes, Luci Praun e Cláudia Mazzei Nogueira, que fazem parte do grupo de pesquisa Metamorfose do Mundo do Trabalho, da Unicamp, fizeram uma pesquisa sobre um novo perfil de trabalhador, o infoproletário, que trata das relações de trabalho, novas tecnologias e o impacto na vida e, principalmente, na saúde dos trabalhadores

    São exemplos de infoproletários motoristas de aplicativos, operadores de telemarketing, técnicos da indústria de software, vendedores do comércio digital e, claro, bancários. “É aquele trabalhador que em qualquer atividade que ele desempenha ele depende da máquina digital, informacional, do smartphone ou de alguma modalidade de trabalho digital”, explica o sociólogo Ricardo Antunes.

    De acordo com o pesquisador, as características do trabalho dos infoproletários são: alta intensidade no trabalho, pouca criatividade, pouca capacidade de controle e nenhuma estabilidade para o futuro.

    Na reportagem, os pesquisadores citam uma mudança no adoecimento do trabalhador brasileiro. “Um processo de ansiedade, depressão, perda de sentido do trabalho”. Essa mudança se reflete com força no setor financeiro. Entre 2009 e 2017, segundo dados do INSS, o total de bancários que tiveram benefícios acidentário ou previdenciário cresceu 30%. Mais de 50% dos casos referem-se a transtornos mentais (aumento de 61,5%).

    A uberização do trabalho é um conceito que coloca o trabalhador como patrão de si mesmo, joga nas costas desse trabalhador toda a responsabilidade pela atividade laboral, que deveriam ser do seu empregador e as consequências da mesma para a sua saúde, sem qualquer garantia trabalhista.