Pressão militar via Tropa de Elite no Bradesco

Publicado em: 26/02/2016
Pressão militar via Tropa de Elite no Bradesco

    O Bradesco, durante reunião anual de gerentes com o presidente do banco, encontrou uma forma “diferente” para motivar os trabalhadores. Em palestra, com formato de talk show, os entrevistados foram o ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de Janeiro) Paulo Storani e Diógenes Lucca, um dos fundadores do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da PM de São Paulo).

    Acontece que a mensagem não agradou os bancários. Muitos relataram ao Seeb-SP que o conteúdo foi pesado e ofensivo. “Sob pretexto de que gerentes seriam a sua ´tropa de elite´, o Bradesco convocou os palestrantes. Como militares podem motivar uma equipe de gerentes? Qual a mensagem? A lógica de que quando o bancário não está satisfeito com as condições de trabalho, deve ´pedir pra sair`?”, questiona a dirigente sindical de São Paulo e bancária do Bradesco Erica de Oliveira.

    “Todos com quem conversei disseram que o banco entregou uma ´granada sem pino´, que não poderiam deixar cair. Alusão a uma cena do filme Tropa de Elite. Os bancários do Bradesco, que construíram lucro recorde em 2015, segundo maior da história entre bancos no país, não merecem esse tratamento”,  destaca a dirigente.

    Sempre pode piorar – Como se não bastasse a “granada sem pino”, um dos vice-presidentes do Bradesco exibiu trecho do filme O Regresso, no qual o protagonista, interpretado por Leonardo Di Caprio, luta com um urso. “A ideia foi igualmente mal recebida. Viram como uma forma de motivá-los a ficar sempre no ataque, mesmo submetidos às condições de trabalho mais adversas”, enfatiza Erica.

    Números de elite – O resultado do Bradesco em 2015 é algo “de cinema”. O banco fechou o ano com lucro de R$ 17,873 bilhões. Mesmo assim, cortou 2.659 vagas, encerrando 2015 com 92.861 empregados, 2.659 a menos que em 2014.

    O lucro líquido por empregado subiu 19,7% e a receita de tarifas por funcionário 10,7%. Já o número de clientes por empregado subiu 5,1%, de 637 em 2014 para 670 em 2015. No mesmo período foram fechadas 152 agências, o que representa uma redução de 3,26%.