Procurador-geral repete críticas do STF à "leniência" dos bancos

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem dia 12/03, que a demora de algumas instituições financeiras em fornecer informações solicitadas pelas autoridades encarregadas de investigar crimes de lavagem de dinheiro, tem dificultado o trabalho do Ministério Público Federal (MPF) no combate a esse tipo de atividade ilícita.
"Muitas das nossas investigações são atrasadas pela dificuldade de obtermos informações que deveriam estar disponíveis de forma imediata", disse Gurgel, ao deixar o seminário Inovações e Desafios da Nova Lei sobre Crimes de Lavagem de Dinheiro, evento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília. "No momento em que precisamos das informações bancárias, existe sim uma certa leniência das instituições financeiras no sentido de fornecer esses dados".
Gurgel reforçou as críticas feitas no último dia 11/03, pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa aos bancos, em que usou o termo "leniência" para criticar a postura das instituições financeiras e defendeu penas mais rigorosas para crimes como a lavagem de dinheiro.
"Enquanto instituições financeiras não visualizarem a possibilidade de serem drasticamente punidas por servirem para a ocultação ilícita de valores que se encontram sob sua responsabilidade, persistirá o estímulo à busca do lucro, visto como combustível ao controle leniente que os bancos fazem sobre a abertura de contas e a transferências de valores", acrescentou o ministro.