Reforma da Previdência é nebulosa e tira R$ 17 bi da economia

Publicado em: 23/05/2019
Reforma da Previdência é nebulosa e tira R$ 17 bi da economia

    O economista e professor Pedro Rossi, da Universidade Estadual de Campinas, afirmou que o debate em torno da "reforma" da Previdência no país está "muito nebuloso" quando trata da relação entre gasto público e desigualdade.

    Rossi alertou que, ao contrário do que prega o governo – sobre o pretexto de combater privilégios e desigualdades – a reforma da Previdência atinge em cheio a renda dos mais pobres – retirando-lhes por ano R$ 17 bilhões do bolso e também da economia  e não mexe em nada com o 1% mais rico da população. Para Rossi, há "equívocos ideológicos" no debate. Pela proposta, as mudanças no abono salarial vão reduzir, em média, 5,7% da renda anual de 24 milhões de trabalhadores que ganham entre um e dois salários mínimos. Isso aumentaria a desigualdade social medida pelo índice de Gini (índice para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo) de 0,5475 para 0,5489, de acordo com a análise do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon), do Instituto de Economia da Unicamp.

    De acordo com o estudo exposto na comissão, com a reforma da Previdência seriam retirados até R$ 17 bilhões por ano da economia, com impactos muito negativos ao país, já que esse dinheiro sairia do bolso de uma parcela da população que, consequentemente, deixaria de consumir.

    Segundo o economista da Unicamp, o problema não está em quem ganha salário mínimo. "O problema está no teto de gastos, com as limitações fiscais da Emenda Constitucional 95, que reduz o gasto público em 20 anos. O problema da desigualdade está nos 2% ou 1% mais ricos."