Rombo das Americanas pode prejudicar todo o país

Publicado em: 07/02/2023
Rombo das Americanas pode prejudicar todo o país

Num momento em que o crédito já vem perdendo força por conta da alta dos juros e do endividamento das famílias, o rombo encontrado nas Americanas tende a tornar as condições gerais ainda piores. Isto pode afetar toda a sociedade e enfraquecer dois dos motores da recuperação econômica: oferta de crédito e nível de emprego. Entre os credores das Americanas, estão alguns dos mais importantes e atuantes bancos do país como Bradesco, Santander, Itaú, Banco do Brasil, e Caixa Econômica Federal.

“A tendência é a de que este rombo cause impacto nos resultados dos bancos que são credores das Americanas e de uma extensa rede de fornecedores da empresa, que também pode ficar sem receber. Estas instituições financeiras, especialmente as privadas, por sua vez, atuarão de forma pró-cíclica, reduzindo a oferta de crédito e elevando as taxas de juros, o que pode aprofundar as dificuldades da economia”, explicou o economista Gustavo Cavarzan, do Dieese.

A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, mostrou preocupação com o fechamento de agências e a perda de postos de trabalho. “Precisamos evitar que os bancos fechem agências e demitam funcionários numa tentativa de recuperar seus prejuízos. Estas medidas sobrecarregam ainda mais os bancários e prejudicam o atendimento aos clientes. Os trabalhadores e a sociedade não podem arcar com os prejuízos daqueles que, seja por ganância, incompetência, corrupção, ou qualquer outro motivo, cometeram erros que levaram a este rombo”, afirmou.

As entidades de representação dos trabalhadores exigem melhorias nas normas de fiscalização e controle das demonstrações financeiras das empresas, assim como a regulamentação do sistema financeiro para democratizar o crédito e reduzir as taxas de juros.

O presidente da CUT, Sergio Nobre, defende que a atividade econômica, as empresas e os empregos sejam preservados. “Quando se tem um rombo de R$ 20 bilhões resultando em uma dívida com credores de R$ 43 bilhões, há algo de errado. Isso precisa ser investigado e as pessoas precisam ser punidas”, destacou. A CUT, juntamente com outras entidades, pediu ao ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que convoque o Grupo Americanas para tratar do assunto.