Sem governo, inflação continuará a castigar as famílias em 2022

Publicado em: 05/01/2022
Sem governo, inflação continuará a castigar as famílias em 2022

O presidente do Banco Central “independente”, Roberto Campos Neto, terá que prestar contas à população. Indicado pelo ministro-banqueiro da Economia, Paulo Guedes, ele é obrigado por lei a enviar carta explicando por que a inflação em 2021 ficará muito acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).


Será a sexta vez que isso ocorrerá desde a implementação do regime de metas inflacionárias, em 2001. Em 2021, a inflação disparou e chegou aos dois dígitos em 12 meses, algo que não ocorria desde 1994, quando o Plano Real foi implementado. O texto será anunciado após os resultados consolidados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro de 2021. A divulgação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está programada para o próximo dia 11.


Conforme o instituto, o IPCA registrou alta de 10,74% no acumulado em 12 meses até novembro. Somente naquele mês, o índice chegou a 0,95%. Isso representa 27,14% do total da meta definida pelo CMN para todo o ano (3,5%). Considerado a prévia da inflação oficial, o IPCA 15 encerrou dezembro em 10,42%.


O Brasil tem a terceira maior inflação entre os países do G20, e para os analistas do mercado financeiro, ela deve continuar fora de controle neste ano. Eles reduziram a perspectiva de crescimento do Brasil para 2022, mas mantiveram o cenário de alta para a inflação na primeira pesquisa Focus do ano, divulgada pelo BC no dia 03/01.


Segundo o levantamento semanal, o Produto Interno Bruto (PIB) deve expandir 0,36% este ano, contra expectativa uma semana antes de crescimento de 0,42%. Em relação à inflação, ela se mantém na casa dos dois dígitos, em 10,01%. A taxa básica de juros (Selic) também deve encerrar 2022 em dois dígitos, a no mínimo 11,50%.


Na última reunião do ano passado, o Conselho de Política Monetária (Copom) do BC elevou a taxa básica de juros a 9,25%. O órgão volta a se reunir em 01 e 02 de fevereiro, quando deverá confirmar a previsão já anunciada de nova elevação da Selic, a sétima consecutiva desde março de 2021. As seguidas altas dos juros, no entanto, não deverão conter a onda inflacionária, e o BC “independente” irá falhar novamente neste ano, apostam os especialistas do mercado.