Terceirização desastrosa também em outros países

Enquanto no Brasil os trabalhadores correm sérios riscos de terem seus direitos eliminados e ganhos salariais destruidos pelo PL 4330, que pretende liberar a terceirização de todas as atividades de uma empresa, as experiências de outros países evidenciam que a interposição fraudulenta de mão de obra é desastrosa para os empregados.
Dados da CUT em parceira com o Dieese mostram que no Brasil os terceirizados em média ganham 25% menos, trabalham três horas a mais por semana e permanecem três anos a menos no emprego. No setor financeiro a discrepância é ainda maior: os terceirizados ganham cerca de 70% menos do que os bancários.
No México, dados oficiais apontam que atualmente 16% da população economicamente ativa (8,32 milhões de pessoas) trabalham neste esquema. Em 2012 o país regulamentou a “subcontratação” – nome pelo qual a terceirização é conhecida por lá. O número representa quase o dobro do verificado em 2004, quando apenas 8,6% adotavam o regime. Além disso, 60% dos trabalhadores do país têm emprego informal, sem carteira assinada.
Já a Rússia percorre caminho inverso. O país euro-asiático vai aposentar esse modelo a partir do ano que vem. A decisão foi tomada em janeiro pela Assembleia Federal russa depois de intensas negociações entre os sindicatos de trabalhadores e o governo do presidente Vladimir Putin.
O integrante do conselho nacional do sindicato dos trabalhadores da construção da Rússia, Abdegani Shamenov, conta que a terceirização começou a ser implantada no seu país em diversos setores, mesmo sem regulamentação legal, a partir dos anos 1990, após o fim da União Soviética. Segundo Shamenov, que nesta semana participou de um seminário sobre o tema em Porto Alegre, a prática não aumentou a oferta de emprego no país, reduziu a arrecadação de impostos e ainda diminuiu salários e benefícios dos trabalhadores, como férias remuneradas e abonos de fim de ano.