Terceirização no México consagrou precarização

Uma lei similar ao PL 4330, sobre a terceirização de serviços, foi aprovada em novembro de 2012 pelo Congresso Nacional do México. Inés Gonzáles Nicolás, ex-bancária do Santander, fundadora da Red de Mujeres Sindicalistas e diretora do Proyecto Sindical da Fundação Friedrich Ebert (FES) no México, em visita ao Brasil trocou experiências com sindicalistas brasileiras, durante a Marcha Mundial das Mulheres, e contou como foi o processo que levou à legalização da terceirização em seu país e alertou para a séria ameaça que paira sobre os trabalhadores brasileiros, caso o PL 4330 seja aprovado.
Os bancos mexicanos passaram por vários processos. Primeiro os bancos privados foram estatizados, depois novamente privatizados e depois houve um processo de internacionalização, com a compra dos bancos mexicanos por grandes grupos estrangeiros como o Santander, City Group e BBVA, entre outros. O México só tem um grande banco atualmente, o Banorte, os restantes são estrangeiros.
A terceirização começou nos serviços de limpeza e segurança e foi avançando até chegar ao ponto de o BBVA, por exemplo, ter 99% de suas atividades terceirizadas. Atualmente, na maioria dos bancos, somente os altos executivos são bancários. A maior parte dos serviços bancários foi transferida para a Manpower Inc, uma grande empresa multinacional de consultoria de recursos humanos e também para outras empresas, de menor porte. Em 1982 havia cerca de 250 mil bancários no México. Com o impacto das mudanças tecnológicas e da terceirização de serviços, esse número hoje está entre 30 e 40 mil, no máximo. Os salários foram reduzidos e hoje são muito baixos. A única garantia é de receber o piso nacional (salário mínimo mexicano). Muitos direitos trabalhistas foram cortados. As jornadas de trabalho foram aumentadas e as condições de trabalho são piores, não há controle sobre o que acontece nessas empresas.
Inez diz que os trabalhadores brasileiros devem aproveitar o clima criado pelas mobilizações para se organizarem e defenderem seus diretos. Além de dizerem aos parlamentares que eles são representantes do povo, que devem ouvir os trabalhadores, e que essa lei não vai melhorar a vida da população. Deixar claro aos deputados e senadores que o que está em jogo é o desenvolvimento do país e o modelo de sociedade que se quer para a nação.